terça-feira, 3 de julho de 2018

PMA

Nas nossas muitas idas ao PMA (procriação medicamente assistida)  da MAC (Maternidade Alfredo da Costa) ele pergunta quase sempre se eu gostava de viver ali. Ali mesmo no centro de Lisboa, eu digo que sim, mas que não precisávamos ter carro, andávamos de transportes. Gosto daquela zona, gosto dos jacarandás em flor mesmo quando sujam o carro todo quando o deixamos 2 ou 3 horas no estacionamento.
Perco anos de vida de todas as vezes que temos de ir à MAC e saímos de casa as 6 da manhã para não apanhar transito. 
Moramos a cerca de 70 Km da capital e custa quando que temos de ir ao PMA mais que uma vez por semana. Mas é este o único custo que temos. Até agora não pagamos rigorosamente nada, tudo é financiado pelo nosso Sistema Nacional de Saúde. O preço aqui paga-se em tempo, em forma de listas de espera, em meses que custam a passar, em dificuldade em gerir a ansiedade.
Sempre acreditei no nosso sistema de saúde, na competência dos médicos e nos meios de diagnostico. Estamos à mais de 13 meses inscritos para tratamento de fertilidade na MAC e a esses 13 ainda se devem juntar mais alguns, contudo conto realizar algum tratamento até ao final do ano. 
Temos a mania de dizer que demora muito tempo, que o os centros de PMA públicos não funcionam bem avaliando apenas o tempo que esperamos.
Muitas vezes somos nós que não temos a melhor atitude perante o desespero. Temos culpa nas listas de espera.
Ainda não há um sistema unificado, logo um casal pode andar a fazer diagnostico em mais que um centro PMA, ficando inscrito para tratamento em mais que um centro PMA e ir fazer tratamento no que "chamar primeiro".
Quando me inscrevi para consultas de PMA também me inscrevi na MAC e no Hospital de Santa Maria, e decidimos que iríamos ser seguidos no PMA que nos chamasse primeiro (isto antes de qualquer exame de diagnostico), tinha o desejo que fosse na MAC, embora não consiga explicar o porquê, e assim foi.
Após a primeira consulta na MAC desmarquei a consulta em Santa Maria, não achei justo estar a tirar vaga a outra pessoa. 
Muitas pessoas são seguidas nos 2 sítios e fazem exames de diagnostico em duplicado, o que para além de aumentar o tempo de espera aumenta também a despesa pública, porque não é por nós não pagarmos nada que as coisas não têm um custo associado.
Se houvesse uma unificação dos centros PMA e as pessoas só fossem seguidas num só local (estou a falar dos centros PMA públicos) certamente que as listas eram menores, que não teríamos de esperar tanto para uma primeira consulta, ou para o marido conseguir agendar um espermograma. 
Eu entendo que o desespero fale mais alto para muitas pessoas, que querem conseguir engravidar o mais rápido possível, mas este tipo de atitude só nos está a prejudicar. Sejam conscientes, por favor.
 



1 comentário:

  1. Sei que fala com outra leveza, digamos assim, porque não estou nessa situação, portanto, não sei o que faria numa situação de desespero como essa. Mas acho que tudo se resume a esta frase: "Sejam conscientes, por favor", porque não podemos pensar só em nós

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